Também essa história não durou muito tempo. Logo, fiz minha viagem para a Europa e não mais voltei à academia. Um ano depois, já de volta a Uberlândia, minha cidade natal em Minas Gerais, tentei outra vez entrar na musculação, fiquei por dois ou três meses, depois de alguns anos fiz isso novamente, saí de novo, enfim, nunca engrenei com atividade física nenhuma, a não ser nas épocas de caratê.
Claro, tem o tênis, esporte que eu decidi praticar em 2008, quando comprei uma raquete no Wal-Mart, em uma viagem aos Estados Unidos. De volta ao Brasil, entrei em uma aula semanal de tênis e durante sete meses tive alguma atividade física, com raríssimas partidas de um ou dois sets de vez em quando. Depois disso, mudei de cidade, deixei as aulas e passei a jogar esporadicamente (uma ou duas vezes por mês) uma partidazinha leve de tênis.
Além disso, de vez em quando faço uma caminhada para o bem da minha saúde, mas não é nada constante e nunca consegui estabelecer uma rotina verdadeiramente séria de caminhar três vezes por semana durante vários meses seguidos.
Tênis foi um dos poucos esportes a me tirar (por pouco tempo)
do sedentarismo depois de adulto. Até que gostei.
Em resumo, sou um quase sedentário, sendo o quase representado por atividades físicas leves praticadas esporadicamente. Não jogo futebol com meus amigos toda semana (aliás, nunca jogo), não faço uma corridinha para mexer os músculos, não pratico natação (tentei uma vez, mas detesto água fria), deixei de lado a musculação, fiquei só dois meses no tal do pilates, não jogo peteca como todo bom mineiro... Bem, acho que isso já é suficiente para mostrar a quantas sempre andou meu condicionamento físico.
É bom ressaltar que até meu bicho de estimação* não tem nada a ver com um cachorro elétrico, que corre atrás da bola e acompanha o dono em suas atividades físicas. Por questões que só o destino explica, tornei-me dono de um gato peludo e gordo, chamado Bilu, que nunca foi de gastar muita energia. De vez em quando, isso no tempo em que ele era pequeno, ainda dava umas carreirinhas pela casa, atrás de pequenas bolas de papel que eu e minha esposa mandávamos para ele.
Bilu, ainda mais sedentário do que eu*
Mas, a brincadeira logo acabava e ele, arfando de cansaço, logo se jogava no chão e, conforme o calor do dia, virava a barriga para o ar e ficava quietinho, esperando aquela vontade de correr atrás de bolinhas de papel passar definitivamente. De resto, só uma levantada de vez em quando para encher a barriga e tomar uma água, nada mais. Enfim, uma perfeita companhia para mim!
Diante desse panorama, qualquer pessoa em sã consciência tem razão de se perguntar como é que eu decidi fazer a caminhada do Monte Roraima, um trekking de seis dias em terreno acidentado, carregando uma mochila nas costas mais pesada do que qualquer peso que já coloquei nos treinos de musculação. Que titica de galinha me deu na cabeça para pegar um corpo imprestavelmente sedentário e levá-lo para tamanha aventura.
Infelizmente, nem eu sei a resposta. Certas decisões são tomadas de supetão, sem pensar, sem refletir. Ou talvez tenha sido paixão mesmo por uma montanha misteriosa, uma paixão diferente, mas de certa forma parecida com a que me fez voltar por livre e espontânea vontade para a academia de caratê. Sigamos em frente e talvez a resposta apareça.
Alexandre Henry
alexandre.henry.alves@gmail.com
* Bilu faleceu no segundo semestre de 2015, infelizmente. Aos 11 anos de idade, morreu de um ataque cardíaco fulminante. Passou mal e, trinta segundos depois, já tinha ido desta para uma melhor. O sedentarismo, nesse caso, cobrou seu preço.
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