sábado, 19 de setembro de 2015

011 - As primeiras decisões sobre o Monte Roraima

A conversa sobre a caminhada ao Roraima ficou em stand by durante as festas de final de ano. Só voltei a falar com o Gustavo no final de janeiro de 2010. Aliás, essa era a data combinada, quando eu teria informações sobre as aulas na Espanha e, consequentemente, sobre minha disponibilidade para o trekking. Ele me mandou uma mensagem para falar sobre seu contato com o Centro de Instrução de Guerra na Selva, do Exército, no Amazonas, ainda pensando naquela ideia de se internar em um centro de tortura por alguns dias, só para ver qual era a sensação de chegar aos limites do sofrimento.



Enquanto a viagem ao Monte Roraima estava sendo planejada, eu aproveitava para conhecer a cidade onde estava morando desde junho de 2009, Porto Velho, capital de Rondônia, bem como seus arredores. Na foto, barcos tipicamente amazônicos no rio Madeira, em Porto Velho, no final de 2009


As aulas europeias em maio já estavam fora de cogitação, por decisão dos próprios professores espanhóis. Sendo assim, eu teria mais flexibilidade de datas. Trocamos diversas mensagens então, flutuando entre saídas no final de março até meados de abril, mas sem nada certo. Porém, uma decisão tomamos: a caminhada seria a de seis dias.

Explico.

Há várias agências venezuelanas que guiam os aventureiros rumo ao topo do Roraima, bem como algumas poucas brasileiras, especialmente em Boa Vista. As caminhadas geralmente podem durar de cinco a sete dias. Em cinco, sobe-se a montanha em dois dias apenas, algo pouco recomendável para quem já estava achando difícil em três. Na caminhada de sete dias, dorme-se uma noite a mais no topo, indo até o lado guianense e com um pernoite na parte brasileira da montanha. Muito longo para nós, muito cansativo. Preferimos então a opção de seis dias, oferecida nos pacotes brasileiros: três dias para subir, dorme no topo, caminha por lá no quarto dia, mais uma noite dormida no topo, depois uma descida em dois dias.

Eu sempre fui um defensor radical do meio termo. Nem tanto ao céu, nem tanto à lua. Nem à esquerda, nem à direita, quase sempre no centro, embora às vezes pendendo um pouquinho mais para um dos lados. Isso não significa indecisão, pelo contrário. Nunca tive dúvidas de qual caminho seguir, de qual decisão tomar, pois sempre tentei optar pela trilha do equilíbrio. A virtude está no meio – já dizia uma antiga frase. Como todo mundo de bom senso persegue a virtude, sempre persegui esse meio, embora muitas vezes tenha errado feio na pontaria. 

Enfim, mas o que interessa era que escolher a caminhada de seis dias se mostrava uma decisão ponderada, equilibrada, sábia. Tempo suficiente para fazer a trilha com calma, sem desgastes físicos desumanos (ao menos na minha ingênua imaginação), mas também sem estender demais uma viagem que nos tiraria de nosso habitat natural, levando-nos a dormir em barracas todos os dias, a suportar frio e calor excessivos, enfim, coisas às quais definitivamente não estávamos acostumados.


Um dos locais que fiz questão de conhecer em Porto Velho foi a Base Aérea. Sede de um esquadrão de Super Tucanos, a Base Aérea estava recebendo também helicópteros russos iguais a esse da foto, muito bonitos.


A segunda decisão foi quanto à agência de viagens. Nada de contratar serviços direto na Venezuela: queríamos algo nosso, brasileiro, que falasse a nossa língua, que estivesse vinculado a nosso sistema jurídico, que se preocupasse com refeições mais adequadas aos costumes do Brasil. 

Não pesquisamos muita coisa, porque eu já tinha duas boas referências, todas duas de Boa Vista, capital de Roraima: a Makunaima Expedições (preste atenção na sílaba tônica, pois não é Makunaíma) e Roraima Adventures. Decidimos entrar em contato com a Makunaima, pois a turma de colegas de Boa Vista que fizera a caminhada poucos meses antes tinha ido com eles. Essa tarefa eu passei para o Gustavo, pois no primeiro dia de fevereiro em embarcaria em outra aventura...

Alexandre Henry
alexandre.henry.alves@gmail.com

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