sexta-feira, 25 de setembro de 2015

015 - Em busca de mais um companheiro para a viagem

O duro é encontrar um companheiro para uma empreitada dessas. Se você fala que é um churrasco de graça na sua casa, regado a cerveja, aparecem dezenas de amigos samaritanos, prontos para te ajudar a levar a carne assada da churrasqueira para a mesa. Se você convida um amigo para passar uns dias na sua casa de praia, também não terá problemas de companhia. Mas, vá convidar alguém para se esfolar seis dias em uma trilha íngreme, a um custo igual a quase uma centena de idas a uma churrascaria? 

Sim, aparecem uns curiosos, gente que diz sempre ter sonhado com algo assim, gente para te dar a maior força, te estimular a fazer aquilo, só que na hora do vamos ver todo mundo fica só no incentivo mesmo e nas palavras de estímulo. É a velha história: todo mundo acha a criança linda, mas ninguém quer colocar o próprio nome no registro de nascimento dela! Sempre há uma desculpa para o sujeito te dar diante de um convite desses, todas seguidas de um lamento e da promessa sobre a ida em uma próxima vez, como se todo semestre você subisse uma montanha como o Roraima.

Até que tivemos alguns candidatos, mas o mundo estava conspirando para que ninguém mais fosse conosco. Cheguei a mandar mensagens para a lista nacional da minha associação, composta por mais de 1.500 colegas, mas nada de positivo voltou além de perguntas curiosas sobre a aventura.

Confesso que, nessa hora, eu pensei em desistir. Como já dito, em vários momentos eu me peguei cogitando a possibilidade de deixar aquela maluquice de lado e, quando a questão dos custos tocou fundo, eu realmente quase desisti. 

Sempre há grupos para o Roraima, ao menos dois por mês, mesmo nos meses de baixa temporada. Eu poderia me encaixar em um deles, talvez em outubro, durante minhas férias seguintes, mês em que o clima estaria até melhor e eu poderia atingir um grau de preparação física e mental mais adequado. Insistindo em ir em abril, seriam pelo menos mais R$ 700,00. Isso pegou pesado comigo, mesmo tendo o dinheiro. O problema é que ninguém quer gastar mais do que o necessário, mesmo se o seu orçamento comportar o valor extra.

Nos primeiros dias de março, já tínhamos definido o início da caminhada para 13 de abril, uma terça-feira, e o término para o dia 18, um domingo. Na mesma época, um colega de Porto Velho, minha maior esperança de conseguir mais um para a caminhada, jogou a toalha afirmando problemas no joelho e o alto custo da aventura. Ainda restava a esperança de que a própria Makunaima, a agência de Boa Vista, conseguisse alguém para fazer a trilha conosco. 

Esforços nesse sentido estavam sendo feitos, disse-me o Francisco, nosso contato na agência. Porém, faltando pouco mais de um mês para a partida, eu não tinha muita esperança. Se fosse um mês de férias, dezembro, janeiro ou fevereiro, por exemplo, nossas chances seriam maiores. Tem muita gente que marca as férias e, diante de uma possibilidade dessas, acaba animando de última hora e embarcando na aventura. Mas, pouca gente no Brasil tira seu descanso do trabalho em abril e, vários que fazem isso, já têm todo o roteiro das férias programado com muita antecedência. Em resumo, uma viagem cara como a nossa, que exigia não só dinheiro como preparação física e mental, não era algo para ser decidido em tão pouco tempo.

Sendo essa a realidade, eu tinha que tomar a minha própria decisão, até porque não estava sozinho e o Gustavo dependia de mim para fazer a trilha ou não. Era hora de bater o martelo ou sair da sala de leilão definitivamente.

Alexandre Henry
alexandre.henry.alves@gmail.com

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